Vamos prestar atenção nos novos movimentos dos dois maiores partidos de oposição: PFL e PSDB. O primeiro trocou o nome do partido para Partido Democrata (ironicamente, afinal o PFL veio do antigo partido da ditadura, a Arena) e o segundo busca uma verdadeira reconstrução nacional passando por uma reforma burocrática, programática, e de sua imagem.
O PSDB busca viabilizar a candidatura de um de seus dois postulantes em 2010. A verdade é que não basta um nome forte. Se o PSDB não propor algo consistente para o país, não ganhará. Precisa dialogar mais com sua base social e eleitoral, atualizar seu programa, e trabalhar sua marca.
O PFL, ou melhor, PD, sofreu uma derrota eleitoral imensa nessas últimas eleições. Perdeu seu estado mais importante para seu principal adversário: a Bahia para o PT. Corre o risco de ficar com menos de 60 deputados federais, e passou por uma forte crise interna - a luta entre o PFL de ACM (PFL-BA) e o do sul, liderado por Bornhausen (PFL-SC) e também um pouco por César Maia (PFL-RJ). Os dois últimos tentam reconstruir o PFL como um partido de oposição ao PT, conservador, e que se erga nas classes médias urbanas, indo além da tradicional base latifundiária nordestina.
O sucesso do PSDB depende da maneira como fortalecerá sua marca. Se apenas através do marketing, ou se realmente conseguir uma articulação mais forte com sua base social e intelectual - Fiesp, famosa Casa das Garças, classe média urbana liberal anti-petista, etc. Tem forte chance de sucesso, apesar de que eu considero este trabalho a longo prazo - o que atrapalharia os planos a curto prazo de José Serra e Aécio Neves.
Já o PFL tem um imenso desafio pela frente: perpertua-se como partido representante dos interesses de uma elite historicamente dominante mesmo estando fora do Estado. Essa situação é nova no Brasil. Os representantes dos interesses das elites brasileiras sempre conseguiram se articular com o Estado, e agora terá de aguentar durante oito anos a oposição. Se o PFL conseguir se construir como um partido conservador fora da esfera estatal, agregando interesses da direita, e criando um discurso sólido, poderá se fortalecer muito. Será algo novo no Brasil. Franklin Martins afirma, inclusive, que isso seria muito positivo para a política brasileira. De fato, o PFL e o PT permitem que consigamos ver quem é quem no cenário político. O PSDB vem dificultando essa tarefa. O discurso começa a se construir: o partido se chamará Democrata tentando rotular o PT como autoritário. É um discurso que começa a ganhar corpo em alguns espaços sociais.
Vamos ver o que acontece.
15 de fevereiro de 2007
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