Nenhum novidade. Partidos se vendem ao governo por cargos.
O PMDB foi comprado, nenhuma novidade, por alguns ministérios. Um deles, um dos mais cobiçados, foi o da Saúde; entregue ao Temporão, o ministro causou uma verdadeira tempestade (desculpem o trocadilho).
Temporão, ao contrário do que se espera, resolveu que era um ministro de Estado e montou uma equipe técnica. O partido sentiu que se vendeu sem ser pago, não recebeu os diversos cargos técnicos, que tradicionalmente são ocupados por indicações políticas, e pede a cabeça de SEU próprio ministro.
A histórinha é bem ilustrativa do comportamento da política tupiquinim. Onde cargos de Estado são tratados como bem pessoais, às vezes de valor e às vezes de prestígio, negociados entre os senhores do poder.
Saindo da esfera nacional, nosso grande exemplo de conduto, olhemos para meu pobre bairro em Mesquita.
Tenho um vizinho, seu nome é Samir. O irmão se encontraria internado em um hospital municipal, ou melhor, no único hospital público do município. O irmão de Samir estaria com tuberculose, a família conseguiu um leito em um hospital decente, onde ele seria melhor atendido.
Samir está desesperado e não consegue a transferência, e nem mesmo qualquer informaçãono hospital mesquitense. Ele recorre a sua única esperança. A única esperança de um pobre em ano eleitoral, um candidato a vereador.
O candidato entra em contato com pessoas no hospital que conseguem a transferência, e lhe informam que a "tuberculose", bom, o diagnóstico, como esperado em um hospital público, estava errado. Samir agora sabe que sua situação é bem pior, o irmão está com HIV positivo.
Mas a tristeza do atestado de morte é superada pela gratidão ao candidato, a quem Samir promete o sangue pela sua eleição.
A história me entristece profundamente. É um absurdo que Samir tenha que recorrer a um dos Senhores locais pra fazer valer seu direito de cidadão. Direito que se é garantido por particulare, não lhe pertence.
Eu comentei com outros vizinhos o que achava. Que o serviço ruim (de uma secretária de saúde que os candidatos já venderam em troca de apoio) não estivesse em questão. Que alguém possa comprar votos com remédios e ainda ser o herói. O que todos me dizem: "Rodrigo, você não tem sentimento". Sim, sinto frustração. Sinto a derrota. Sinto que é mais cômodo entrar na dança feudal que lutar sozinho por direitos que são melhor administrados por terceiros.
Temporão, dê os cargos que os deputados querem, o Estado é só uma ilusão nessa feudalidade democrática.
13 de julho de 2008
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