10 de abril de 2009

O uso político do BB, ou dividendo pagos, mas não gerados

Se o assunto é a irritação do Presidente Lula com os altos juros praticados no Brasil, quero citar o presidente do Bacen, ou melhor, um estudo realizdo pelo ex-presidente do Bacen Gustavo Franco. Não quero falar de cálculos e números, prefiro poesia, crônicas e literatura.
Gustavo Franco publicou interessantes trabalhos sobre a perspetiva econômica de grandes nomes da nossa literatura, Pessoa e Machado. Em a "Economia em Machado de Assis" Franco analisa crônicas cotidianas do Bruxo, e em diversos textos o hoje bicentenário banco aparece como assunto do dia. São situações nas quais o Banco do Brasil, agindo como ente público, quase como instituição de caridade, paga dividendos aos seus acionistas, isso sem apresentar lucro. O banco do governo simplesmente paga seus acionistas atendendo às ordens do Imperador. Enfim, o banco nem parece banco, nem parece empresa, nem parece que viria a completar 200 anos, embora com algumas falências no longo caminho. Machado não concorda com isso. Quem concordaria? O banco perde dinheiro, o governo injeta recursos.
O Banco é um banco, e deve ser capaz de produzir lucros, de ser rentável e de se sustentar. Sim, hoje, o BB deve iniciar uma política de valorização dos funcionários, de expansão do crédito de forma responsável, de redução do spreed. Mas com prudência, para que o Estado não acabe por pagar a conta.
Um Banco do Brasil forte, é um Brasil forte, é fortalecer os brasileiros.

A missão do BB

O Banco do Brasil é um Banco. E, como tal, têm por finalidade a captação de recurso através da comercialização de produtos finaceiros e a cessão de empréstimo mediante condições que lhe sejam rentáveis. Enquanto banco, empresa, o Banco do Brasil deve prestar contas de sua atuação a sociedade, e atender às expectativas de seus acionistas.
A especificidade do BB está em seu acionista majoritário. O Governo Federal, seguido a grande distância pela PREVI, portanto, pelos seus fucionários. O Tesouro Nacional, detentor de 70% das ações do Banco do Brasil, possui o direito de interferir na direção do banco, caso entenda que este contraria seus interesses, estando estes interesses de acordo com os dos demais acionistas e dos clientes do Banco.
O presidente do Banco do Brasil foi destituído de sua função. Antonio Francisco de Lima Neto assumiu a presidêcia do BB em 2006, e permaneceu em um ciclo de bons desempenhos, com crescimento orgânico e recentemente crescendo através de aquisições de outras instituições. Sua gestão foi marcada pelo fortalecimento da empresa, da marca e da presença de mercado do BB; que teve como missão nesse período se tornar um banco líder e competitivo.
A substituição de Lima Neto foi explicada por Guido Mantega, Ministro da Fazenda, como motivada pelas queixas do presidente Lula quanto a manutenção das altas taxas de juros e do spreed bancário (no glossário simplificado da grande imprenssa: diferença entre custo e captação e o lucro nos empréstimos) em momento de crise financeira internacional.
Mas a imprenssa e o mercado (vide oscilação na BOVESPA pós-demissão) não aceitaram a justificativa como muito convincente.
Eu também não. O Banco do Brasil possui técnicos qualificados, pessoal preparado e reduziu sim suas taxas de juros, mas sempre com prudência; redução não acompanhada pelos bancos privados, mas que poderia ser maior. Nada que abalasse tanto o governo. Penso que há outras motivações, nada oportunas ao demais acionistas do BB. Fala-se no encobrimento de operações irregulares, não creio. No possível enfraquecimento do BB frente ao BNDS, que iriam estar disputando presença internacional esse ano, acho difícil. Talvez mais um loteamento político, o que dúvido (o BB tem consguido se mânter quase imune a isso, apesar do PMDB e de Sarney). Interesse voltado às eleiçoes de 2010? Pode ser... mas sendo assim, seria realmente preciso uma demissão tão controversa? Veremos o que o BB nos apresentará nos próximos meses.

19 de agosto de 2008

Tempo de mudanças.Hoje ou eternamente amanhã

Tempo de mudanças?

www.vidasmarranas.blogspot

Creio que as reais possibilidades de mudança estão porvir e levado a pensar no que precisamos encarar como tarefas inadiáveis.Projetos coletivos,de esperanças e sonhos de uma sociedade sem discriminações,sem exclusões,plurais,democráticas e sustentáveis.

É claro que tarefas assim são para mais de um mero ano,implicam largo prazo,décadas,gerações,etc.Mas primeira e fundamental tarefa é imaginar grandes processos e mudanças para fortalecer a vontade de agir no aqui e agora e incidir nas relações sociais e nos processos concretos,capazes de desencadear lógicas estruturantes do novo.Segundo é avaliar bem as circunstâncias sociais e históricas,os riscos e desafios que podem se interpor no caminho e como encará-los.

A democracia aponta um ideal que é, na verdade, um processo virtuoso de construção de sociedades mais livres,igualitárias,mais valorizadoras da diversidade intrínseca,solidárias e mais participativas ,mas dá também o método,ou seja,implica em se engajar, disputar e cooperar, sob a luz de tais princípios e valores,nos quais os fins não justificam os meios e sim os qualificam,gerando um processo incerto de avanços e recuos,de rupturas e de compromissos possíveis.Assim fixados os parâmetros, trata-se de ver riscos e desafios do ângulo d'uma 'democracia radical'.

O maior risco que ronda os ares as vésperas de mais uma eleição vem se manifestando há alguns anos.É confundirmos a democracia como ideal e proposta com o que temos no Brasil,na região,no mundo.Que sociedade queremos e almejados?Ate quando discutir a sociedade utópica ? Radicalismo, Anomia ou qual outra terminologia e ação?

Vivemos uma situação de democracia contida em seu potencial transformador, pois capturada de algum modo por forças e interesses que, no contexto democrático, esvaziaram o poder político e impuseram uma agenda de globalização econômico-financeira centrada no mercado.Muita gente, inclusive no campo das organizações de cidadania ativa da sociedade civil, já começa a se interrogar,uns dizem que perigosamente, se a opção democrática é o melhor caminho.É?E qual democracia?Diante disto,é fundamental ser intransigente e radical para ir alem e enfrentar os limites da democracia real, em busca da solução 'democratica', isto é, em que tenha se mais participação, mais disposição de disputa em cada campo e esfera da vida.

Claro que é indispensável reafirmar e defender a institucionalidade democrática duramente conquistada, mesmo se ainda pouco eficiente. Poderemos alias ser vitimas de radicalismos de Direita,do contrario.Democracia nisto é condição fundamental e dela devemos partir para 'radicalizar ' a própria democracia. Trata-se, isto sim, de reconhecer que a tarefa coletiva de radicalização democrática tem na institucionalidade democrática uma condição necessária, porém insuficiente até aqui para dar conta das múltiplas formas de exclusões e negações de direitos de cidadania, da desigualdade,da violência,da destruição acelerada do patrimônio comum da vida, a natureza, ao mesmo tempo em que se nega para muitos(as) o acesso aos recursos comuns

É de uma nova e grande onda irresistível de democratização que precisamos, uma onda de idéias, de demandas, de movimentos efetivos. É incompatível com a democracia a segregação e a violência reinante em nossas grandes cidades. Estamos em uma espécie de guerra civil larval, com mais mortes violentas do que em guerras declaradas. Cidadania não pode conviver com isto.

A ineficiência do Estado democrático em prover segurança é patente. Mas o cinismo de estratos médios e dos ricos,nos seus prédios e condomínios gradeados,é também parte do problema da segregação e violência.E aos pobres soçobra as formas de sub- leis e sub -ordens locais que se aproveitam da ausência do Estado e tornam se localmente o Judiciário,Legislativo e o Executivo ,o que nos afirma estarmos diante de uma verdadeira emergência, que exige ação imediata perante a ameaça do neocoronelismo urbano

Em escala social temos problemas urbanos agravados pelo crescimento desordenado, a falta de políticas habitacionais e de transporte. O individualismo se aproveita das novas concepções de inserção social e da aparente democracia vivida resultando num emaranhado de superposição de classes que desigualmente participam do crescimento econômico.Alias, que forma de crescimento é o desejado?

Há urgência em retomar o questionamento do que seja desenvolvimento de uma perspectiva de democracia radical.Não fomos capazes até aqui de nos contrapormos ao descalabro do crescimento do PIB como expressão da riqueza coletiva.PIB que cresce na mesma proporção da destruição da natureza, hoje em escala planetária.Já imaginamos o quanto de natureza se pode poupar localizando as economias,segundo o princípio de produzir aqui, o que for possível, para consumir aqui?Por que necessitamos do empuxe das exportações para crescer? Não vale a pena se perguntar se construiremos democracia exportando produtos que carregam destruição ambiental e todo o sofrimento humano de milhões que não têm acesso a produtos essenciais?

Com o aquecimento global,a questão ambiental finalmente motiva amplos setores e perpassa todos os segmentos sociais. As condições para ações efetivas de mudança e de construção de bases de sustentabilidade de uma perspectiva democrática nunca foram tão efetivas.O desafio,porém,é mostrar que não se trata apenas de adaptação de práticas e continuar devastando os recursos naturais como sempre.Isto até pode dar sobrevida a uma lógica de negócios e de acumulação privada de lucros.Não resolverá a sustentabilidade e muito menos criará mais justiça social no acesso e uso dos grandes recursos.

A questão ambiental se soma à questão da exclusão e da desigualdade para revelar que estamos, na verdade, diante de uma crise de civilização, do industrialismo e consumismo, na qual modos de produção, modos de consumo e estilos de vida estão em questão por destruírem a base natural da vida e por excluírem a maioria da população.Estamos em ano eleitoral,de eleições de prefeitos e vereadores.É do local que se trata.Para revitalizar a democracia, nada como o local,espaço público imediato de nossa cidadania.A violência,o meio ambiente, economia podem ser politizados e reagendados a partir deste locus da cidadania.O ano, portanto,é oportuno para renovar ousadias na disputa política e fixar bases de mudança.

13 de julho de 2008

Insensível

Nenhum novidade. Partidos se vendem ao governo por cargos.
O PMDB foi comprado, nenhuma novidade, por alguns ministérios. Um deles, um dos mais cobiçados, foi o da Saúde; entregue ao Temporão, o ministro causou uma verdadeira tempestade (desculpem o trocadilho).
Temporão, ao contrário do que se espera, resolveu que era um ministro de Estado e montou uma equipe técnica. O partido sentiu que se vendeu sem ser pago, não recebeu os diversos cargos técnicos, que tradicionalmente são ocupados por indicações políticas, e pede a cabeça de SEU próprio ministro.

A histórinha é bem ilustrativa do comportamento da política tupiquinim. Onde cargos de Estado são tratados como bem pessoais, às vezes de valor e às vezes de prestígio, negociados entre os senhores do poder.

Saindo da esfera nacional, nosso grande exemplo de conduto, olhemos para meu pobre bairro em Mesquita.
Tenho um vizinho, seu nome é Samir. O irmão se encontraria internado em um hospital municipal, ou melhor, no único hospital público do município. O irmão de Samir estaria com tuberculose, a família conseguiu um leito em um hospital decente, onde ele seria melhor atendido.
Samir está desesperado e não consegue a transferência, e nem mesmo qualquer informaçãono hospital mesquitense. Ele recorre a sua única esperança. A única esperança de um pobre em ano eleitoral, um candidato a vereador.
O candidato entra em contato com pessoas no hospital que conseguem a transferência, e lhe informam que a "tuberculose", bom, o diagnóstico, como esperado em um hospital público, estava errado. Samir agora sabe que sua situação é bem pior, o irmão está com HIV positivo.
Mas a tristeza do atestado de morte é superada pela gratidão ao candidato, a quem Samir promete o sangue pela sua eleição.

A história me entristece profundamente. É um absurdo que Samir tenha que recorrer a um dos Senhores locais pra fazer valer seu direito de cidadão. Direito que se é garantido por particulare, não lhe pertence.
Eu comentei com outros vizinhos o que achava. Que o serviço ruim (de uma secretária de saúde que os candidatos já venderam em troca de apoio) não estivesse em questão. Que alguém possa comprar votos com remédios e ainda ser o herói. O que todos me dizem: "Rodrigo, você não tem sentimento". Sim, sinto frustração. Sinto a derrota. Sinto que é mais cômodo entrar na dança feudal que lutar sozinho por direitos que são melhor administrados por terceiros.

Temporão, dê os cargos que os deputados querem, o Estado é só uma ilusão nessa feudalidade democrática.

16 de fevereiro de 2008

Visa Corporate ou R$8,00 numa tapioca é absurdo!

Mais um grande escândalo e mais uma CPI...
Os cartões corporativos foram implantados no governo do FHC para dar mais transparência a movimentação financeira do governo federal, e que esse mecanismo tem atendido o quesito poucos tentam negar, mas como bater no presidente só perde pra futebol em esporte nacional... Não que a mídia negue que esse mecanismo reduziu as antigas despesas de fundos, só se exige maior transparência e responsabilidade nos gastos! Afinal, pagar R$8,00 em uma tapioca é inadmissível mesmo que a dita cuja tenha sido consumido em uma viagem a serviço! Saques em dinheiro são abomináveis, como a Abin (agência brasileira de inteligênia, CIA tupuniquim ou ninho de aranpogas) se atreve a fazer isso! não há como estranhar a indignação de Demóstenes Torres (DEM, GO) quando disse que nossos impostos estão "pagando para sermos espionados".
Obviamente deveríamos todos permanecermos indignados! Como ousam os malditos espiões fazerem seu trabalho sem revelar detalhes de suas operações! Como ousam pagar suas despesas de serviço com nossos impostos e não com seus salários! Como ousam utilizar cartões que demonstrem todos os gastos quando poderiam pagar em dinheiro!... essa última não entendi.
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